O DILEMA DA BANCA!


O DILEMA DA BANCA!

Temos vindo a assistir, nas últimas semanas, à divulgação dos resultados, de várias Instituições de Crédito, referentes ao 1º trimestre de 2015 que, nalguns casos, representam o “regresso aos lucros”, após uma longa travessia do deserto…

Não poderemos deixar de saudar tal facto, na medida em que, a uma banca saudável, forte e interventiva, corresponderá, em princípio, uma economia mais vigorosa e competitiva.

No entanto, se analisarmos de forma mais pormenorizada, esses resultados, a verdade é que os mesmos não refletem, na maioria dos casos, um desejável apoio à dinâmica de crescimento da nossa economia, através da concessão de crédito a empresas e particulares.

Com efeito, tais resultados da banca, advêm, quase sempre, de:

1. um ligeiro crescimento das margens de intermediação financeira, resultante em boa parte das baixas remunerações dos depósitos bancários;

2. da redução de imparidades,  destinadas a suprir perdas com crédito de maior risco;

3. do aumento expressivo das comissões bancárias, através da sucessiva atualização de preçários;

4. de mais valias obtidas através da compra de títulos;

5. de outros proveitos operacionais resultantes da alienação de ativos não estratégicos;

6. da redução do seu quadro de pessoal; e,

7.do encerramento de agências.

Sendo certo que, algumas destas medidas, fazem todo o sentido, numa lógica racional de gestão, outras, traduzem uma realidade bem mais preocupante para a maioria dos cidadãos e para as pequenas empresas.

Assim, e não obstante, algumas “estratégias” de marketing financeiro, a divulgarem linhas de crédito especiais e da política de “quantitative easing” seguida, já há alguns meses pelo Banco Central Europeu, através de injeção de capitais nas economias europeias, na verdade, tais factos não se têm refletido na vida dos portugueses e da maioria das suas empresas.

É que, de facto, a Banca encontra-se perante um dilema preocupante: se, por um lado, nunca dispôs, nos últimos anos, de tanto dinheiro para aplicar na economia, através da concessão de crédito, por outro lado, a Banca não está disposta a correr riscos, emprestando apenas, a empresas de topo, e, a particulares de elevados rendimentos. Impõe-se, deste modo, uma intervenção pedagógica por parte de organismos nacionais e supranacionais, pois, a Banca não pode ficar muito mais tempo distanciada da economia real.

Diário de Leiria, 19 de junho 2015.

VER PUBLICAÇÃO EM PDF

Share on FacebookTweet about this on TwitterShare on Google+Share on LinkedIn